A proposta de recuperação judicial apresentada pelo Hopi Hari durante assembleia nesta quinta-feira (5), no parque em Vinhedo (SP), dividiu os credores e resultou em dois cenários que serão avaliados pela Justiça. Segundo o administrador judicial, Gilberto Giansante, a diferença entre eles ocorre quando são considerados os votos de representantes dos maiores credores, entre eles o BNDES. O dia foi marcado por tumulto por causa da divergência entre o principal acionista e a atual administração.

Na primeira hipótese, a maioria dos credores deu aval para a proposta que contempla o pagamento de fornecedores, prestadores de serviços, funcionários e ex-funcionários. No entanto, ela excluí quatro credores que concentram R$ 363 milhões dos R$ 400 milhões devidos pelo parque.

De acordo com Giansante, se homologado esse acordo pela Justiça, o grupo que detém 90% dos valores terá autonomia para decidir a forma como irá cobrar a dívida.

Por outro lado, caso o juiz à frente do processo considere o cenário em que são incluídos os votos dos quatros maiores credores e a reprovação da proposta, pode ser decretada a falência do Hopi Hari.

Cenário aprovado

O grupo contemplado na proposta aprovada nesta quinta representa 10% do total da dívida do parque. Pelo plano, quem tem créditos de até R$ 1 milhão receberá 53% do valor em 48 parcelas iguais. As dívidas superiores a R$ 1 milhão serão parceladas em até 21 anos.

Com relação aos processos trabalhistas, a proposta aprovada prevê o pagamento da dívidas em até 12 meses, com descontos que variam de 20% a 60% dependendo do tempo da ação.

Funcionando normalmente

Advogado do Hopi Hari no processo de recuperação, Sérgio Emerenciano destacou que aguarda a homologação do cenário em que o acordo separa os quatro maiores credores para negociações. Enquanto não houver a decisão judicial, o parque continua operando normalmente.

O Hopi Hari conta atualmente com 400 funcionários e projeta um movimento de 650 mil pessoas durante o ano de 2018.

Assembleia

A assembleia marcada para esta quinta (5) estava agendada para 12h, mas começou às 13h30. Durante a manhã, veículos de credores, funcionários e ex-funcionários formaram muito trânsito em frente ao parque. A entrada dos presentes na reunião foi dificultada por conta da burocracia da revista feita pela Polícia Civil em cada um dos carros.

Por volta de 11h30, o acionista majoritário do Hopi Hari, José Luiz Abdalla, que também estava na fila para entrar, foi informado pela Polícia Civil de que não poderia acompanhar a votação por conta de uma liminar expedida pela 1ª Vara de Vinhedo.

A decisão judicial, que deu parecer favorável ao pedido do presidente do Hopi Hari, José David, menciona que os acionistas do parque só poderiam acompanhar a assembleia representados pelos advogados. Além deles, a lista de presença da reunião contou com 146 ex-funcionários, 148 funcionários ativos, além de 36 empresas credoras.

Ao G1, Abdalla considerou que o resultado da assembleia coloca o parque em risco de falência, o que o afetaria diretamente por ser dono de 99% das ações. Além disso, destacou que a proposta dele pagaria todas as dívidas, por meio de acordo com um investidor, mas ela não foi avaliada. O empresário frisou ainda que buscará resolver o impasse com a administração por via judicial.

Impasse

Em meio ao impasse entre o empresário José Luiz Abdalla, acionista majoritário do Hopi Hari, e administradores do parque, incluindo o presidente José David, o juiz da 1ª Vara de Vinhedo, Fábio Marcelo Holanda, se manifestou em 28 de março no processo, por meio de despacho, para destacar que questões intrassocietárias não devem ser tratadas no processo de recuperação.

Os interesses dos acionistas não se sobrepõem ao princípio da preservação da empresa e de sua função social, nem aos interesses da comunidade de credores.

Além do plano judicial já apresentado, credores também podem propor outras sugestões na reunião, mas elas precisam ser debatidas por representantes do parque. Abdalla informou que participará da assembleia para levar um plano de recuperação alternativo ao que deve ser votado.

Em nota, o advogado do Hopi Hari no processo de recuperação, Sérgio Emerenciano, destacou que houve intensificação das tratativas entre a equipe do parque e credores com objetivo de obter a aprovação do plano, portanto, a forma de pagamento das dívidas.

Vale ressaltar que as questões societárias, quer seja pela lei, pelas inúmeras decisões do juízo que conduz o processo e dos próprios precedentes dos tribunais superiores, não são afetas ao procedimento , diz texto. Em fevereiro, ele mencionou que há previsão de parcelamento da dívida.

* Via G1

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