Nos países lusófonos o dia da Língua Portuguesa se comemora no dia 5 de maio, mas no dia 10 de junho também se comemora o advento do português, principalmente em Portugal. Esses dois dias são comemorados nos 9 países que tem a língua como oficial: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Bissau. Aqui no Brasil ainda temos uma data separada para a Língua que é 5 de Novembro. Fica aqui a homenagem do CICERONE VINHEDO à nossa querida lígua.

 

A nossa língua é linda, não é? Em qual outra língua diríamos “mano do céu”, “joão sem braço”, “picar a mula”, “amigo da onça”, “vai ver se estou na esquina”, “comer quieto”, “tirar o cavalinho da chuva” e tantas outras expressões que só fazem sentido no nosso português. A maneira como falamos e nos comunicamos não é apenas um aspecto cultural, mas também molda a forma como concebemos nossos pensamentos.

Segundo Lera Boroditsky, cientista que estuda cognição e linguagem, a língua que falamos ou as línguas que aprendemos influencia a maneira como percebemos, descrevemos e interagimos com nós mesmos e os outros. Além disso, pode determinar a forma ou a facilidade com que aprendemos coisas novas. Por isso, aprender uma língua não é só aprender uma nova ferramenta de comunicação, mas também uma nova forma de pensar.

O Português é a 7ª língua mais falada no mundo, língua oficial de 9 países reunindo 260 milhões de pessoas. QueM aprende como segunda língua afirma que é uma das mais difíceis, principalmente em concordância e fonemas. Quem houve pela primeira vez diz que a sonoridade é única! Nós que aprendemos desde criança não percebemos, mas nossa língua é cheia de recursos que mal usamos. E às vezes lutamos com suas utilizações, lutar com as palavras é uma luta em vão, façamos como Drummond:

 

Lutar com Palavras é a Luta Mais Vã

Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça. Carlos Drummond de Andrade, in Poesia Completa

 

Nossa língua pode expressar os sentimentos mais simples e até os mais profundos como no poema de Vinicius de Morais:

 

Soneto da Fidelidade

(Vinícius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

 

O mais importante é não termos preconceitos, a língua muda e a forma falada vai evoluindo no tempo. Alguns sotaques e palavras podem ser mais usadas em alguns lugares do que em outros, e isso cria regionalismos até na língua. É importante compreendermos essa pluralidade, que faz parte de nossa constituição cultural.

Nesse dia, da Língua Portuguesa, desejamos e esperamos que cada vez mais consigamos ver a beleza de nossa comunicação. Deixamos um vídeo aqui muito bom da Folha de São Paulo que tenta colocar justamente essa questão. Feliz dia da Língua Portuguesa!

 

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