As 16 cidades da microrregião de Campinas fecharam 17.647 vagas de trabalho nos onze primeiros meses de 2016, segundo o último balanço divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). É terceira queda desde 2014 no mesmo período, mas entre 2015 e 2016 a variação negativa caiu 51%.

No ano de 2015 foram fechados 36.534 postos de trabalho nos 11 meses. Em 2014, o número de vagas encerradas ficou em 3.161, quando a crise econômica teve início no país.

Entre as cidades da microrregião, Campinas perdeu 11.349 postos, seguido de Americana, com redução de 2.481 empregos. Sumaré foi a terceira a mais perder vagas, 1.011.

Entre os anos de 2010 e 2013, o balanço do  Cadastro Geral de Empregados Desempregados (Caged) revela a criação de 89,1 mil vagas.

 

Setores

Das mais de 17,6 mil demissões, 7.718 ocorreram no setor da indústria da transformação.O setor de serviços dispensou 4.250 pessoas, já o comércio 3.597, o segundo a mais dispensar.

Fábio Lino dos Santos é açougueiro, mas ele disse ao G1 aceitar trabalhar na construção civil, pois não encontra emprego na área de atuação. A construção dispensou 2.368 pessoas de janeiro a novembro do ano passado.

“Eu estava fazendo bico, mas estava entregando currículo, procurando vagas nos açougues, mas não estava achando. Eu vim no Centro Público de Apoio ao Trabalhador (CPAT) porque já tinha cadastro, e apareceu isso de obra, e eu vou pra obra”, disse ele.

O açougueiro ressalta a necessidade de trabalhar para dar conta dos compromissos.  Preciso começar a trabalhar, não vou ficar parado. Pago aluguel, tenho que bancar luz, bancar água, tenho as contas de casa. Tem que correr atrás, ficar parado é pior. Tem que trabalhar de todo jeito. Já trabalhei de carga e descarga e até em obra. Se você não tá achando na sua profissão, você acha em outra”, completa ele.

Michele Coronado da Silva é auxiliar de limpeza e desde 2015 procura emprego. Ela também recorreu ao CPAT de Campinas para tentar iniciar o ano com emprego formal.

“Eu estou desempregada há dois anos. Eu venho tentando trabalhar por mim mesma em casa, fazendo bolos pra vender, mas atualmente eu estou mais correndo atrás de serviço. Até pra conseguir entrevista está difícil. Ainda mais com essa crise agora, muita gente perdeu o emprego, e os poucos que conseguem acabam não parando porque a firma acaba mandando embora de novo”, lamenta.

Ela lembra que chegou a arrumar emprego há um tempo, mas foi demitida uma semana depois devido à crise. “Agora eu estou correndo atrás, vendo nos lugares, mas nunca tem vaga, mas eu vou aceitar o que vier.”, justifica.

A microrregião de Campinas para o Ministério do Trabalho é formada pelas cidades de Americana, Campinas, Cosmópolis, Elias Fausto, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d´Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.

 

Pensar fora da caixa

Nestes momentos de poucas oportunidades de emprego, e muitos desempregados em busca de uma nova chance, o trabalhador precisa “pensar fora da caixa”, na avaliação da diretora de transição de carreira e gestão da mudança da Consultoria LHH, Irene Azevedoh.

“Em primeiro lugar, é você saber aquilo que você é forte, e o que você pode contribuir para as organizações. E ver quais são as organizações que podem comprar sua oferta”, ressalta a especialista em carreiras. Irene lembra que este tipo de comportamento deve ser seguido  com o país em crise ou não. “Mais em crise é muito mais importante ter isso mapeado”, completa.

Depois disso, o profissional precisa descobrir como chegar nestas organizações para tentar uma recolocação. Agora, a diretora de transição de carreira reforça que neste momento o trabalhador não pode apenas se prender em empregos formais, pois o mercado tem mudado, e as empresas podem optar por não contratar alguém para trabalho exclusivo.

“Nós estamos em uma era de gratificações instantâneas, em que as pessoas trabalham.  São os casos do Uber [sistema de transporte que rivaliza com os táxis] e os trabalhos temporários. Você pode ter vários empregos, sem necessariamente ter um só”, explica Irene Azevedoh.

Ainda segundo ela, isso pode ser o futuro de muitos empregos, já que muitas empresas podem não precisar do funcionário o tempo todo. “É isso que você precisa identificar. Saber onde usar estas habilidades que dão retorno”, afirma.

Na opinião dela, apesar da crise no país ser forte, algumas áreas como medicina animal e agronegócios não perderam força, e são áreas de apostas para 2017. Agora, se o profissional optar por qualificação, é preciso fazer cursos ligados à área em que pretende trabalhar.

 

Fonte: G1

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